Palavras do Mestre dos Mestres

Palavras de despedida do Professor Antonio Lopes de Sá no X Prolatino, realizado em novembro de 2009.

“Eu não sei quanto tempo de vida me resta. Quem me criou também determinará, naturalmente, a hora em que serei convocado para outras missões. Posso ver, nesse poente da vida, muitas coisas. Eu dediquei feriados, dias santos, horas que roubei da família para dedicar a vocês. A minha última palavra é: “Enquanto um sopro de vida me restar, ele será de vocês”. Não sou candidato a nada. Não é discurso político, mas quero estar no coração de vocês”.

domingo, 30 de agosto de 2009

Jovens acham crescimento profissional mais importante que bons salários

Notícias

Pesquisa constatou que a geração Y está em busca de empregos que proporcionem ascensão na carreira, desafios, aprendizado constante e bem-estar. Petrobras é a empresa mais admirada pelos entrevistados

Por Ana Cristina Dib





A chegada da geração Y ao mercado de trabalho trouxe para as empresas o desafio de alinhar o trabalho entre as gerações. Rápidos, antenados, descontraídos e ousados, quando o assunto é carreira, universitários e recém-formados não se contentam apenas com um bom salário, mas estão em busca de empregos que proporcionem ascensão profissional, desafios, aprendizado constante e bem-estar.

Para entender o que eles querem e como se comportam, a Cia de Talentos, consultoria em Recursos Humanos pertencente ao Grupo DMRH, desenvolve anualmente a pesquisa "Empresa dos Sonhos dos Jovens". O estudo, que neste ano está na oitava edição, mostra como os jovens acham que deve ser a empresa ideal, qual a expectativa de permanência no emprego e quem são os líderes mais admirados. Os 26.281 participantes da amostra válida também escolheram as dez empresas mais desejadas para iniciar a carreira.

O levantamento constatou que ao buscar uma empresa para trabalhar, o crescimento profissional que ela propicia é o que mais pesa na decisão. Em seguida, avalia-se, por ordem de importância, a chance desenvolvimento e aprendizado, ambiente de trabalho, remuneração e apoio a cursos e treinamentos.

Em 2008, ganhar bem era a primeira preocupação da juventude. Porém, Sofia Esteves, presidente do DMRH, afirma que com a crise econômica e o crescimento do desemprego, o jovem passou a dar mais valor a outros fatores. "Ele tem total compreensão de que a crise afetou a economia mundial e sabe que as empresas estão reduzindo gastos. Além disso, está em busca de realização profissional e o dinheiro é visto como resultado de um bom trabalho na área de atuação". Sofia diz que, ao contrário de outras gerações, os jovens atuais querem que o trabalho seja quase um lazer e esperam que o relacionamento entre colegas e gestores seja de amizade, confiança e respeito.

A pesquisa concluiu que a geração Y está disposta a permanecer no emprego por um período mais longo. Ao todo, 26 % acham que o ideal é ficar entre 6 e 10 anos e 19% gostariam de trabalhar no mesmo local por mais de 20 anos. Apenas 11% acham que o tempo de permanência deve ser inferior a 4 anos.
As mesmas razões que os atraem para fazer parte de uma empresa são as que os fariam sair dela. Metade dos entrevistados afirma que a falta de crescimento é o principal motivo para querer trocar de companhia. Outro fator que dificulta a retenção de talentos é o clima desagradável, apontado por 48% dos jovens como motivo de saída. A falta de desenvolvimento profissional foi citada por 38% deles e não ter salário e benefícios adequados ao cargo por 34%.

Neste ano, o estudo perguntou aos participantes quem são seus líderes favoritos. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, liderou o ranking, seguido por Roberto Justus, Luis Inácio Lula da Silva, Jesus, Steve Jobs, Pai/mãe, Silvio Santos, Bill Gates, Gandhi e Bernardinho.

A Petrobras foi eleita como a empresa dos sonhos. Google e Unilever ficaram, respectivamente, com o segundo e terceiro lugares. Em seguida estão Vale, Nestlé, Natura, Itaú Unibanco, Microsoft, Rede Globo e Ambev que, pela primeira, vez aparece entre as empresas mais citadas.

Fonte:







sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Comitê da Basileia vê necessidade de mudança contábil

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Joseph Heaven, Bloomberg, de Zurique
Os padrões internacionais de contabilidade deveriam ser alterados para aperfeiçoar a forma de avaliação dos ativos quando os mercados sofrem de falta de liquidez ou com funcionamento inadequado, segundo o Comitê da Basileia de Supervisão Bancária.
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) deveria determinar os padrões para registrar o "valor justo" quando a avaliação não é clara, e os bancos, registrar previamente as perdas previstas ao longo da vida da carteira de empréstimos, segundo propôs o Comitê da Basileia, em comunicado divulgado ontem, quinta-feira, em seu site.
A polêmica em relação ao valor justo, ou marcação a mercado, aumentou sensivelmente depois da crise financeira, com forte pressão dos bancos pela flexibilização das normas.
Os lideres do G-20, que reúne os principais países industrializados e alguns emergentes, como Brasil e China, defenderam um endurecimento das regras de contabilização financeira em seu encontro em Londres, em abril. O Iasb é responsável por determinar as Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS, na sigla em inglês), usados em mais de 100 países, incluindo os 27 da União Europeia (UE).
"As novas regras contábeis precisam ser consistentes com as boas práticas de gestão de risco e aumento da transparência", afirmou Nout Wellink, presidente do Comitê da Basileia e do banco central holandês, no comunicado.
A fase de consultas do Iasb sobre os instrumentos de avaliação financeira acaba em 1º de setembro e a organização, com sede em Londres, poderia publicar um esboço da proposta em outubro.
Mark Byatt, porta-voz do Iasb em Londres, não quis fazer mais comentários.
As autoridades reguladoras da UE também preparam regras preliminares de adaptação ao sistema espanhol, que força os bancos a acumular capital nos bons momentos da economia para usá-lo nos maus, como parte de uma remodelação das regras de exigência de capital, idealizada para evitar outra crise financeira mundial.
A Comissão Europeia, em Bruxelas, pretende apresentar em outubro suas propostas sobre o sistema, chamado de provisionamento dinâmico, de acordo com comunicado divulgado em seu site em julho. O órgão informou que levará em conta os planos do Iasb.
Na quarta-feira, o Iasb anunciou que havia colocado em audiência pública uma proposta para reformar onze normas contábeis (IFRS) dentro de seu projeto anual de aprimoramento, segundo um comunicado do órgão em seu site. As propostas vão desde esclarecimentos sobre combinação de negócios (IFRS 3) a mudanças na linguagem para tornar mais claras as normas e remover inconsistências.
Fonte:Valor Online

Uma avaliação periódica do sistema tributário nacional

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Helder Rebouças
A Emenda Constitucional nº 42, de 2003, dentre outras alterações, deu ao Senado Federal uma nova competência: avaliar periodicamente a funcionalidade do sistema tributário nacional, em sua estrutura e componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos municípios. É o que determina o artigo 52, inciso XV, da Constituição Federal. Decorrência disso, já em 2004, deu-se início à tramitação, no Senado, do Projeto de Resolução do Senado nº 13, de autoria do Senador Ramez Tebet, que acrescenta às competências da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) daquela casa a avaliação periódica do sistema de tributos no Brasil. De acordo com a proposição, prevê-se a realização de pelo menos uma avaliação, no período de uma legislatura, com elaboração de relatório final. Além disso, podem ser solicitados depoimentos de autoridades federais, estaduais, distritais e municipais, bem como informações aos entes federados, relacionadas ao desempenho das respectivas administrações tributárias.
Sem prejuízo desses tópicos, a avaliação periódica do sistema tributário nacional engloba o exame da complexidade e extensão da legislação tributária, que acaba afetando a segurança jurídica das relações entre o Estado e o contribuinte. Segundo apuração do Instituto Brasileiro de Pesquisas Tributárias de São Paulo, entre outubro de 1988 e outubro de 2007, foram editadas quase 236 mil normas tributárias, nos níveis federal, estadual e municipal. Afora o aspecto quantitativo, cabe mencionar que normas tributárias são, geralmente, de difícil compreensão pelo cidadão-contribuinte, gerando um verdadeiro contingente de "analfabetos tributários", dificultando o próprio exercício da cidadania.
Ademais, esse cipoal tributário, acaba elevando os chamados custos de conformidade, que envolvem despesas como contratação de escritórios e assessorias especializadas, busca por bancos de dados de legislação e fiscais, obtenção de certidões e declarações na burocracia estatal. Estimativas indicam que esses custos são da ordem de R$ 11,4 bilhões anuais. Isso quase equivale aos recursos destinados ao Programa Bolsa Família, que em 2008 aplicou R$ 11,8 bilhões. Nada impede, portanto, que, no âmbito do processo legislativo do Congresso Nacional, promova-se a consolidação da legislação tributária federal, o que já representaria um grande avanço institucional. É bom lembrar que, de acordo com o artigo 212 do Código Tributário Nacional, exige-se que os poderes executivos federal, estaduais e municipais consolidem, em texto único, a legislação relativa a cada um dos tributos, repetindo-se esta providência até o dia 31 de janeiro de cada ano.
O Senado poderá ainda, no exercício da sua competência avaliativa e, reforçando o papel do controle externo do Congresso Nacional, aferir os efeitos regionais da política de renúncia de receitas tributárias do governo federal. Trata-se de tema relevante e de índole constitucional, a ponto de a nossa carta política exigir que a lei orçamentária anual esteja sempre acompanhada de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, das isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. Ao caminhar nesse exame, o Senado obteria uma radiografia regionalizada da política de incentivos tributários nas diversas esferas de governo, permitindo avaliar a coordenação dessas políticas e mensurar seus resultados globais.
É competência exclusiva do Congresso Nacional, conforme artigo 49, V, da Constituição Federal, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar. Assim, na avaliação periódica do sistema tributário nacional, pelo Senado, caberia levantamento específico de eventuais normas infralegais que estejam inovando o direito tributário e, portanto, ferindo o princípio da reserva legal e do devido processo legislativo. A discussão sistematizada e regular sobre a prática legislativa da administração tributária, no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça da casa, criaria um fórum adicional de debate sobre questões que dizem respeito à segurança jurídica nas relações entre a administração tributária e os contribuintes.
Em dezembro de 2008, tivemos a conclusão dos trabalhos da subcomissão temporária da reforma tributária, composta pelos senadores Tasso Jereissati, Francisco Dornelles e Neuto De Conto, que apresentou várias sugestões para a construção de um novo sistema tributário nacional. A experiência desse grupo parlamentar é, sem dúvidas, uma base para a efetiva regulamentação da competência constitucional atribuída ao Senado de avaliar periodicamente o nosso sistema de tributos. O exercício dessa atribuição, além de qualificar o debate parlamentar, reforça uma das funções precípuas da casa, que é a de zelar pelo equilíbrio da federação que depende, sobremaneira, da funcionalidade do sistema tributário nacional.
Helder Rebouças é consultor de orçamentos, diretor de coordenação técnica da presidência do Senado e professor de direito financeiro em Brasília
Fonte: Valor Online

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NF-e: a grande questão ainda é informação

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Trabalho na área comercial há muitos anos e me considero um vendedor nato. No começo de minha vida profissional trabalhei com um senhor de origem chinesa que eu considero até hoje como sendo o meu guru. Ele dizia que precisávamos observar as coisas, prova disso é termos dois olhos, dois ouvidos e uma boca. Uma das características de um bom vendedor é saber observar.

Hoje, a apenas alguns dias do prazo final para que as empresas se adéquem ao projeto SPED que inclui nota fiscal eletrônica, minha experiência diz que meus clientes buscam informação. Só informação.

Muito já se falou sobre NF-e, SPED contábil e SPED Fiscal. Mas as pessoas ainda não sabem o básico: quem está incluído na obrigatoriedade; o que é certificado digital; onde é possível comprá-lo; o que fazer com ele; onde guardar; que dados vou precisar para preencher os formulários; como mandá-los para a SEFAZ; e, no caso da não emissão dos documentos eletronicamente o que acontecerá. Além dessas, há uma longa lista de dúvidas. Vamos ver se consigo, de uma maneira muito simples, explicar alguns destes pontos.

Em 1º de setembro, 54 setores da Economia deverão substituir as notas em papel por versões eletrônicas. São cerca de 400 mil empresas. A lista completa está no site: www.nfe.fazenda.gov.br. Para isso, cada companhia precisará ter o seu certificado digital: um arquivo criptografado que garantirá a validade jurídica de qualquer documento assinado com ele. Este certificado é adquirido em autoridades certificadoras como Correios e Serasa.

Com o certificado digital em mãos, a empresa precisará de um computador com acesso à internet e todos os dados para emitir a nota fiscal eletrônica– são mais de 190 campos a serem completados. E essas informações precisam estar corretas.

Dados preenchidos, o próximo passo é o envio à SEFAZ. Esta transmissão deverá ser feita pela Internet. As informações são validadas e o emissor recebe uma chave de acesso. Esta chave precisa estar na DANFE que será impressa em papel comum e deverá acompanhar a mercadoria.

Tudo pronto! Nota emitida, validada e mercadoria em trânsito para o cliente. Claro, se todo o resto estiver certo. O certificado digital, por exemplo, precisa ser armazenado adequadamente. Ele é como uma assinatura com firma reconhecida. Só que digital. Qualquer pessoa que tiver acesso a este arquivo pode, por exemplo, vender a empresa ou fazer transações bancárias. Definir como e onde guardar este recurso precioso Demanda um bom planejamento.

Outro ponto que requer mais atenção com a versão eletrônica da NF-e diz respeito às informações utilizadas no preenchimento dos formulários. Antes, o papel aceitava tudo. Era possível inverter um número do CNPJ ou CPF do comprador, emitir a nota e liberar a mercadoria. Depois se providenciava a ratificação. Já os sistemas eletrônicos repudiam notas com dados como a alíquota de recolhimento de impostos ou número de Inscrição Estadual incorretos. Inconsistências não são aceitas.

Há ainda a questão da Internet. Apesar de ter crescido em 10% em julho de 2009 em relação ao mês anterior e chegado a 33,2 milhões de usuários (residenciais e comerciais), ainda não é de tão fácil e estável o acesso à rede. Em Manaus, por exemplo, os cabos de fibra ótica ainda não conseguiram transpor o Rio Amazonas. De uma cidade na margem, o sinal é transmitido por rádio para a Capital amazonense. Este não é o mais confiável sistema. E se não há Internet, não há emissão de notas, tampouco transporte de mercadorias ou venda. Imagine os prejuízos.

O projeto da Receita Federal é inovador. Trará melhorias de processos, especialmente para as pequenas e médias; reduzirá as fraudes, com a criação de mais e melhores maneiras do fisco acompanhar as informações fiscais. Mas também fará com que muitas empresas que não conseguirem se adaptar ao novo cenário encerrem suas atividades.

A nota fiscal eletrônica traz mudanças que envolvem tecnologia, processos e pessoas. As empresas precisam se informar e se ajustar rapidamente. E quem não se adaptar, não irá sobreviver.

Fonte: Financial Web

Contabilidade ganha novo status nas empresas

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Contador agora atua na linha de frente e ajuda na tomada de decisões
Paulo Justus
A demanda por auditores e contadores vem crescendo nos últimos tempos. Na consultoria de recrutamento Robert Half, a procura cresceu 30% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período de 2008. "A procura está forte não apenas por contadores, mas por pessoas com conhecimento na área para ocupar outras posições", diz Sócrates Melo, especialista em recrutamento para Finanças e Contabilidade da Robert Half. Ele diz que o mercado procura um perfil mais comunicativo para esse profissional. "Hoje, o profissional está na linha de frente e ajuda na tomada de decisões das empresas.
"Antes ligado basicamente à rotina do escritório, o profissional de contabilidade ocupa hoje posições mais estratégicas nas empresas. O novo perfil da profissão acompanhou as mudanças importantes na contabilidade, que começaram a partir de 2007 mas se tornaram efetivas este ano, como a informatização das informações e a adoção das normas internacionais de contabilidade.
Na visão de Aline Freitas, consultora sênior da Michael Page, o principal motivo da procura por esses profissionais atualmente se deve à implementação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e da Nota Fiscal Eletrônica. "Na maioria das vezes, quem implementa isso são os profissionais da contabilidade, que também precisam conhecer a tecnologia e ter uma visão de negócio", diz.
Além desse perfil mais dinâmico, o mercado busca um profissional atualizado. Além do SPED, outra mudança importante para os contadores e auditores foi a lei 11.638, de dezembro de 2007, que obriga as empresas de capital aberto e de grande porte a publicar seus balanços de acordo com as normas contábeis internacionais. "Hoje, o profissional que conhece as novas normas é muito desejado" diz Níveson da Costa Garcia, membro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC SP) e empresário da contabilidade. A dificuldade, segundo Garcia, está na formação desses profissionais. "As instituições de ensino não deixam o aluno preparado e cabe à empresa gastar muitas horas e muitos reais para deixá-lo pronto.
"Como reflexo dessa carência, o salário de um contador com um ano experiência e conhecimento desejado pelo mercado subiu de R$ 2 mil para R$ 3 mil em dois anos, de acordo com a Robert Half. A remuneração dos executivos em cargos mais altos acompanhou esse crescimento, afirma Melo.
A demanda por profissionais para projetos temporários de implantação do SPED nas empresas, por exemplo, também cresceu. "Hoje cerca de 20% das nossas oportunidades temporárias são para projetos desse tipo", diz Aline, da Michael Page. O salário para um profissional experiente nessas atividades vai de R$ 6 mil a R$ 10 mil.
Para se adaptar às mudanças, os profissionais passaram por uma alta carga de treinamentos. A supervisora da auditoria KPMG, Ana Karina Beckman, de 30 anos, diz que o aprendizado é contínuo e ocorre tanto nos seminários promovidos pela empresa quanto fora do expediente. "Uso meu horário de trajeto de casa para o trabalho para estudar", afirma.
Ana foi contratada pela KPMG em fevereiro, vinda de uma empresa do setor químico. Em outubro, será promovida ao cargo de gerente. "Desde que me formei o mercado sempre foi crescente."
Segundo ela, a profissão mudou bastante desde que concluiu o curso de Ciências Contábeis, em 2001. "Quando entrei na faculdade, todo mundo chamava os contadores de guarda-livros", brinca. Hoje, ela diz que o aquecimento do mercado tem atraído novos estudantes para a área. "Um exemplo disso é meu irmão, que depois de fazer um ano de informática decidiu seguir os meus passos e hoje cursa Ciências Contábeis."
Fonte: O Estado de S.Paulo

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

NF-e: Força-tarefa contra a desinformação

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Implementação, que deve ser feita por 79 setores até o mês de setembro, ainda provoca resistência em muitos empresários


Marcos Giesteira


Diretores da Aucon tiveram de deslocar um programador para desenvolver um software específico e real Foto: GABRIELA DI BELLA/JC
Uma das etapas mais importantes do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), a implantação da nota fiscal eletrônica (NF-e), está com os dias contados para entrar em vigor. Até setembro, empresas de 79 setores terão de trocar o antigo bloco de notas pelo computador nas transações com outras companhias. Mas isso não quer dizer que todas estejam preparadas para o novo sistema.


Apesar do aviso feito com antecedência, o processo ainda provoca resistência e receio em alguns empresários mesmo com a grande quantidade de informações fornecidas pelo governo. A contadora Roberta Salvini acredita que as maiores dificuldades enfrentadas são a quebra de um paradigma e a utilização de um novo sistema de emissão de notas fiscais.


As empresas que já utilizam emissão por processamento de dados tendem a apresentar menos dificuldades pois já estão habituadas à utilização de um sistema. Mas, para empresas que emitem os documentos manualmente, o principal desafio está na sistematização e utilização de ferramentas de TI para o processo. “Da mesma forma, muitos municípios de nosso Estado não têm acesso à internet, o que dificulta a implantação e utilização da ferramenta. É uma nova forma de trabalho que gera mudanças nos processos.


”Para o coordenador do Grupo de Estudos em TI do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS) e consultor para os processos de Implantação de NF-e, Ricardo Kerkhoff, o modelo adotado pelo Estado é extremamente simplificado e possibilita a imediata disponibilidade do sistema de NF-e para qualquer empresa. Ele critica a acomodação de alguns empresários - que insistem em permanecer em uma metodologia arcaica e inadequada de gestão da empresa - e agora, além dos procedimentos específicos para a implantação de sistemas e o aprendizado da tecnologia, precisam se adequar a rotinas que exigem conhecimento de uso de internet e gestão de arquivos digitais. “A maioria das dificuldades que as empresas enfrentam é resultante de escolhas malfeitas durante os processos de gestão da informação, principal mercadoria do nosso tempo”, diz.


Mesmo atuando na área de tecnologia, a empresa Aucon Automação e Controle Ltda, de Porto Alegre, precisou deslocar um programador para desenvolver um software específico e realizar o processo de transição para o modelo de notas fiscais eletrônicas. Fabricante de equipamentos de automação e controle para acesso de estacionamentos e garagens, a empresa iniciou a etapa de implantação de NF-e há um ano.


O desafio maior foi adequar o sistema de controle de compras, produção e estoque da firma ao novo formato de emissão de notas do governo estadual e federal. Essas etapas já eram informatizadas, mas as notas eram preenchidas de maneira manual. “Colocamos um técnico de alto nível por cerca de três meses em cima disso. O investimento é alto e representa um custo significativo, ainda mais para empresas que precisam contratar profissionais externos para realizar essa substituição”, avalia o diretor, Francisco Nora.


Para ele, o sistema permitirá um controle fiscal mais rigoroso com a fiscalização da Receita. Outras vantagens apontadas são a agilidade e a redução de erros nos documentos. “O maior beneficiado será o governo, que terá um amplo controle das empresas. Praticamente, ele vai fazer a tua contabilidade. A questão é como atingir as empresas informais.”


Investimento para o futuro

Os custos variam bastante e são condizentes com o tipo de aplicativo que a empresa adquirir. O investimento mínimo é o da aquisição do certificado digital, necessário para a utilização de qualquer programa emissor, que pode variar entre R$ 90,00 e R$ 2,5 mil. Já o programa emissor, o próprio Ministério da Fazenda disponibiliza aos usuários com pequena quantidade de notas preenchidas. As empresas maiores têm disponíveis no mercado sistemas que agregam outros recursos a valores considerados médios em curto prazo, mas totalmente recuperáveis no futuro.


Segundo o contador Marcus Pias dos Santos, o volume de investimento é relativamente baixo, entre R$ 10 mil e R$ 30 mil na grande maioria dos casos, porém em algumas empresas de maior porte, os custos do projeto giram entre R$ 100 mil e R$ 300 mil. “Quanto ao retorno do investimento, a grande maioria das empresas acredita que não haverá retorno ou sequer sabe se o projeto se pagará ou não. Por outro lado, 35% afirmam que atingirão o ponto de equilíbrio de seis meses a um ano”, revela.


Pesquisa sobre companhias emissoras de NF-e1.

1. Perfil das Empresas

• Cerca de 55% das empresas entrevistadas emitem menos do que 500 notas fiscais por mês, 55% faturam até R$10 milhões por ano, 52% não têm filiais, sendo que 83% emitem ou emitirão NF-e por se enquadrarem na obrigatoriedade legal.


• Percebe-se que a amostra da pesquisa se caracteriza por empresas de pequeno porte com um volume pequeno de documentos fiscais.


2. O Projeto de Implantação

• 80% das empresas concluíram seus projetos em até três meses. Apenas 17% dos projetos tiveram duração entre quatro e seis meses.


• Com relação aos custos do projeto, 62% investiram até R$ 10 mil, 22% de R$ 11 mil a R$ 30 mil e cerca de 10% entre R$ 30 mil e R$ 100mil.


• Quando o assunto é retorno do investimento, os números são muito dispersos. 22% acreditam que o projeto foi só despesa, não haverá retorno. Além disso, 23% sequer sabem se o projeto se pagará ou não. Por outro lado, 15% afirmam que o projeto atingirá o ponto de equilíbrio em até seis meses. 10% de seis meses a um ano e 20% em mais de um ano.


• 70% dos entrevistados informaram que a área contábil participou do projeto. Outras áreas que participaram foram: fiscal (63%), tecnologia (55%), administrativa (38,5%), diretoria (31%), compras (25%). Em 45% dos casos, houve envolvimento do próprio dono da empresa. Contudo, apenas em 25% das empresas ocorreu a contratação de consultoria externa.


3. Contingências

• O Formulário de Segurança (FS ou FS-DA) é o principal mecanismo de contingência oficial utilizado pelas empresas com quase 89% das respostas.


• Quanto às contingências estruturais, 67% utilizam “no break”. Além disso, 28% têm redundância de links de internet e 20% têm servidores redundantes.


• Quase 20% das empresas utilizam o sofware gratuito da Sefaz/SP como segunda opção de sistema emissor.


4. Certificados Digitais

• 62% dos pesquisados adquiriram e-CNPJ tipo A1 para assinar seus documentos eletrônicos, sendo que 24% preferiram o e-CNPJ tipo A3 em cartão e 12% em token. Menos de 10% optaram pelos certificados específicos para emissão de NF-e (e-PJ).


• Quanto ao fornecedor, a Serasa ocupa a primeira posição com 47%, seguido pela Certisign com 27%.5. Fornecedor de Software


• Percebe-se uma grande dispersão nos números, de forma que não é possível identificar nenhum fornecedor como predominante, conforme abaixo:

Mastermaq..........14%

Sofware próprio.......... 9%

Software gratuito Sefaz/SP.......... 9%

TOTVS..........9%

SAP ..........3%

Outros..........56%

Essa questão foi aberta, de forma a não limitar nenhuma resposta.


5. Como as empresas detectaram a obrigatoriedade

• O contador e a Secretaria de Fazenda são os principais responsáveis pela divulgação das informações sobre a obrigatoriedade, conforme abaixo:

Contador..........49%

Secretaria de Fazenda..........26%

Site..........9%

Consultoria Fiscal..........4%

Cliente..........3%

Revista..........3%

Essa questão foi aberta, de forma a não limitar nenhuma resposta.


6. Futuros Projetos

• Sped Contábil, Sped Fiscal e implantação de ERP estão nos planos de curto prazo da maior parte das empresas, com 66%, 54% e 49%, respectivamente.


Em seguida temos:

Implantação de software fiscal..........20%

Implantação de Nota Fiscal Eletrônica de Serviços..........17%

Planejamento Tributário..........17%

Auditoria Contábil..........13,5%

Adequação aos padrões internacionais de contabilidade..........12%

Gerencimento de documentos eletrônicos..........11%

Investimentos em segurança da informação..........11%

Auditoria eletrônica 7%
Fonte:

Porto Alegre, quarta-feira, 26 de agosto de 2009 atualizado às 16h33

terça-feira, 25 de agosto de 2009

As normas das S.A. e as empresas limitadas

Notícias

Armando Luiz Rovai
Não é mais novidade a afirmação de que o Código Civil trouxe regras específicas e complexas para as sociedades limitadas. Antes de 2002, vigia o Decreto nº 3.708, de 1919, cujo teor era bem amplo e um tanto vago, e, por isso mesmo, permitia que a doutrina e a jurisprudência consolidassem entendimentos sobre pontos específicos, pacificando questões controversas.
Algumas disposições do Código Civil atual contrariam entendimentos da doutrina e da jurisprudência existentes sobre a matéria, impedindo a aplicação de regras já consagradas.
Inicialmente, cabe dizer que as sociedades limitadas são regidas pelas normas da sociedade simples, nas situações em que for omisso o capítulo destinado às sociedades limitadas, mas o contrato social da empresa pode prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. O artigo 1.053 do Código Civil diz que "a sociedade limitada rege-se, nas omissões deste capítulo, pelas normas da sociedade simples". Já o parágrafo único prevê que o "contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima".
Aliás, na comunidade jurídica, este é um ponto de muitas controvérsias. A antiga legislação contemplava a possibilidade de utilização subsidiária das normas da sociedade anônima, toda vez que houvesse dúvidas, laconismo ou omissão para aplicação das normas das sociedades por quotas de responsabilidade limitada - Decreto nº 3.078, de 1919, artigo 18 - Serão observadas quanto às sociedades por quotas, de responsabilidade limitada, no que não for regulado no estatuto social, e na parte aplicável, às disposições da lei das sociedades anônimas.
Agora, diferentemente, com a redação trazida pelo Código Civil, as normas da sociedade anônima só podem ser aplicadas à sociedade limitada na ausência de normas específicas nas disposições existentes sobre estas, e depois de destrinchadas todas as formas de aplicação das normas da sociedade simples, que funcionam como regra geral para os assuntos societários.
Tem sido objeto de análise a composição do caput e do parágrafo único do artigo 1.053, tendo em vista que, ao mesmo tempo em que o primeiro dá conta da aplicação da regra geral, o segundo indica a utilização supletiva das normas da sociedade por ações - a partir deste momento adotar-se-á, neste artigo, a expressão sociedade por ações no lugar de sociedade anônima, tendo em vista que esta terminologia melhor se enquadra ao respectivo tipo societário, conforme a vedação imposta ao anonimato da Lei nº 6.404, de 1976.
Ora, se a aplicação das normas da sociedade por ações são previstas supletivamente, entende-se que sua utilização só vai se dar se não houver regra específica no próprio capítulo destinado à sociedade limitada ou no capítulo destinado à sociedade simples, que, como se viu, é a regra geral do direito de empresa.
Ainda, sem muito esforço, é simples a análise da expressão "supletiva" do artigo em comento, dada à regência da sociedade por ações. Segundo nosso vernáculo, supletivo vem próprio para "suprir". E, suprir, significa fornecer o que é preciso para eliminar, neutralizar ou preencher (falta, falha, lacuna, necessidade etc.) (Ferreira, 2005).
Está claro, portanto, que a aplicação das normas relativas às sociedades por ações, na sociedade limitada, só se daria na falta de outra norma. O que não é o caso, visto que as normas atinentes às sociedades simples abarcam quase todo o expediente societário. Pode-se excetuar a esta afirmação apenas poucos exemplos, como: instalação de conselho de administração, quotas em tesouraria, quotas sem valor nominal e etc - visto o caráter amplo da atividade negocial, e levando em conta a abrangência das normas da sociedade simples.
É verdade que as normas dispostas sobre sociedades por ações continuam sendo preferidas pela comunidade advocatícia, por causa da segurança jurídica que suas operacionalizações ocasionam. Também é certo afirmar que na aplicação das referidas regras da sociedade por ações, em virtude do tempo de sua vigência, se encontram uma vasta doutrina e jurisprudência, ambas abalizadas e garantidoras de uma relação societária estável.
Contudo, entendemos que as normas da sociedade por ações somente poderiam ser utilizadas na sociedade limitada da seguinte maneira: i) fosse exaurida a aplicação das normas destinadas ao próprio Capítulo de Sociedade Limitada; ii) fosse exaurida a possibilidade de aplicação das normas da sociedade simples; iii) se houver previsão contratual e, após verificada a impossibilidade de aplicação das normas da sociedade limitada e da sociedade simples, aí sim, utilizar-se-iam as normas próprias da sociedades por ações.
Desde já, todavia, observa-se que há entre os pensadores do direito muitos que discordam do que ora se expõe, sustentando o seguinte raciocínio: as disposições que regem a sociedade limitada podem ser supridas, diretamente, pelas normas aplicáveis às sociedades por ações - Lei nº 6.404, de 1976 -, bastando, para isso, sua previsão contratual e a verificação de sua organicidade.
De todo modo e com o devido respeito, em que pese nossa opinião contrária, em razão dos motivos aqui já indicados, vale ressaltar que a questão relativa à "organicidade" trata-se de um inteligente argumento utilizado por aqueles que defendem a aplicação direta das normas da Lei nº 6.404, de 1976. Entretanto, neste diapasão, um problema de natureza conceitual e interpretativo surge no sistema societário, qual seja: a exigência de um elevado grau de subjetividade para catalogar, mensurar e definir a organização empresarial das sociedades.
Enfim, sem maiores conjecturas, entende-se que ocorrendo omissão ou falta de regra expressa que normatize a atividade negocial da sociedade limitada, devem ser aplicadas as normas das sociedades simples (arts 997 a 1038 do Código Civil), mesmo que haja a previsão supletiva das normas da sociedade por ações e independentemente de sua compreensão organizativa.
Para que não paire dúvidas, esclarece-se que a interpretação ora dada ao artigo 1.053 não é a maneira que trará mais segurança jurídica aos contratantes, todavia é o que está consignado na lei. Fica, assim, mais uma proposta de modificação legislativa, no que concerne ao direito de empresa, inserto e incerto no Livro II do Código Civil de 2002, a fim de se coadunar os preceitos jurídicos à realidade econômica e negocial do mundo globalizado.
Armando Luiz Rovai é doutor em direito pela PUC-SP, ex-presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo, professor de direito comercial da Universidade Mackenzie, advogado em São Paulo; conselheiro do Tribunal de Ética da OAB-SP
Fonte: Valor Online

Legislação garante os limites de participação dos sócios na empresa

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Lei nº 11.101/05 estimula a manutenção de empreendimentos diante de casos de dificuldades administrativas e a atividade empresarial

Com a crise financeira, a procura pela Lei nº 11.101, de 2005, que regulamenta a recuperação judicial de empresas privadas, teve um crescimento considerável. Relativamente nova em relação à legislação anterior, que vigorou por 60 anos, a lei reformulou a maneira de se pensar a falência no cenário jurídico. A Lei nº 7.661/45, que antecedia a atual, tratava a questão de uma forma definitiva - a falência instaurava a “morte” da pessoa jurídica. Dessa forma, investir era algo arriscado e que atraia poucas pessoas. Nesse sentido, a legislação de 2005 surgiu para reverter o conceito pejorativo da falência como o total fracasso empresarial e passou a estimular a preservação das empresas e a limitar a participação dos sócios.
De acordo com Eduardo Bastos, advogado do escritório curitibano Maran Gehlen Advogados Associados e especialista em Direito Empresarial, a partir da década de 1970, com a expansão do mercado empresarial, percebeu-se uma necessidade maior de preservar a empresa. Devido a sua relevância social como geradora de empregos, renda e recursos públicos, evitar a falência das organizações e possibilitar a reestruturação diante de situações de crise tornou-se o Norte da lei nº 11.101. Ao ser aprovada, ela extinguiu a figura da concordata e instituiu as possibilidades de recuperação extrajudicial e judicial. Também consolidou a limitação do papel do sócio no sentido da quitação dos débitos do empreendimento, através de um critério mais rígido em relação ao comprometimento do patrimônio pessoal para o pagamento de dívidas empresariais.
De modo geral é o patrimônio do próprio devedor que responde por suas dívidas - a chamada responsabilidade primária. Mas há casos de responsabilidade secundária, em que o patrimônio de terceiros pode ser considerado para o pagamento de dívidas da empresa, com foco nos casos de responsabilidade direta dos sócios e administradores. A responsabilidade secundária pode ser acionada quando o devedor apresenta ao Judiciário um plano de recuperação, contendo um diagnóstico da situação financeira da empresa e sua proposta para a renegociação das dívidas, inclusive as trabalhistas e tributárias. É possível que uma empresa parceira ofereça algum bem ou auxílio financeiro para que a organização em dificuldade se mantenha.
A separação do patrimônio físico do jurídico é a garantia de que, ao entrar em uma sociedade anônima ou limitada, o sócio não correrá o risco de perder mais do que foi investido. Mesmo nestas sociedades nas quais a responsabilidade direta não está prevista, os sócios podem vir a responder com seu patrimônio por dívidas da empresa caso seja confirmado alguma fraude. Nesses casos, ocorre a desconsideração da personalidade jurídica, e o patrimônio da pessoa física passa a responder pelo da empresa. “A desconsideração ocorre caso a caso e não é uma prática generalizada. Ela ocorre apenas quando comprovada a má utilização da pessoa jurídica”, explica Bastos. “Não é algo que deva preocupar o empreendedor que atua na legalidade. Quando a falência ocorre em um empreendimento que sempre atuou legalmente, o patrimônio de nenhum sócio será bloqueado ou utilizado para quitação de débitos empresariais”, completa o advogado.
O professor de Direito Empresarial da Pucrs Sérgio Müller também destaca a importância de não se confundir o não pagamento do tributo com uma infração direta. Para ele, é importante distinguir a fraude do mero insucesso empresarial ou impontualidade e evitar desgastes maiores ao processo judicial como a desconsideração da personalidade jurídica ou o lançamento de débitos do Fisco em relação à pessoa física. “O sentido de limitar a responsabilidade dos sócios é, acima de tudo, estimular a atividade empresarial. Se a responsabilidade dos sócios fosse ilimitada em todos os casos, provavelmente não haveria quem se arriscasse na atividade empresarial, principalmente nos setores comerciais e produtivos mais complexos.
”Na visão do advogado José Antônio Rosa da Silva, que atua na área de Direito Empresarial no escritório SNS Advogados de Porto Alegre, a Lei nº 11.101 garante que as pessoas sigam motivadas a investir na área empresarial. Entretanto, em seu cotidiano Silva lida com o despreparo de seus clientes diante de situações extremas como a proximidade de uma falência. “É preciso haver uma mudança de cultura por parte dos empresários. Eles não dominam questões fundamentais de gestão e muitas vezes simplesmente não sabem como administrar as situações”, explica o advogado. Para ele, o profissional do Direito deve estar preparado e dominar conceitos de gestão para que possa auxiliar seus clientes. “O advogado precisa começar a desenvolver uma noção de gestão e negócio. Ele tem que se incluir na empresa para que possa ajudar a administrar essa realidade de crise e evitar que se busque o Judiciário por qualquer situação”, argumenta Silva.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

21ª Convenção dos Contabilistas de São Paulo

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A 21ª Convenção, maior evento contábil paulista, foi aberta oficialmente no dia 19 de agosto de 2009, pelo presidente do CRCSP, Sergio Prado de Mello.
O evento, realizado no Palácio das Convenções do Parque Anhembi, na zona norte de São Paulo, contou com as presenças da vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antonio; do superintendente da Receita Federal em São Paulo, Luiz Sérgio Fonseca Soares; do secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingues; e da presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Maria Clara Cavalcante Bugarim. Empresários, autoridades do Judiciário e representantes das entidades contábeis de todo o Brasil também prestigiaram a solenidade de abertura.


Prêmio Professor Hilário Franco - Destinada a premiar Contabilistas que se distinguem na doutrina e na pesquisa da Ciência Contábil, a Medalha Professor Hilário Franco, oferecida em cada edição das Convenções dos Contabilistas do Estado de São Paulo, neste ano homenageou o Contador Antoninho Marmo Trevisan.

Auditor e consultor de empresas desde 1970, Trevisan é presidente da BDO Trevisan Auditores e Trevisan Escola de Negócios. Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, é também presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis.

Trevisan recebeu a medalha e o diploma do presidente Sergio Prado. Trevisan emocionado, brincou, dizendo que se perguntava por que recebia a homenagem. "Deve ser pelo que farei. Aos 60 anos, que completei recentemente, deixei a carreira de Auditor para os jovens e vou me dedicar ao ensino. Quero ser conhecido como professor Trevisan".

A vice-prefeita Alda Marco Antonio representou o prefeito Gilberto Kassab e se mostrou surpresa com a grandiosidade da solenidade. "Quero dizer a vocês, contabilistas, que a Prefeitura de São Paulo criou a Secretaria de Modernização, Gestão e Desburocratização para poder atender os profissionais da Contabilidade, facilitando os trâmites burocráticos". O presidente Sergio Prado de Mello encerrou a abertura oficial da 21ª Convenção dos Contabilistas dizendo aos Convencionais que, "nas seis décadas que nos separam da 1ª Convenção dos Contabilistas, realizada em 1944, a profissão cresceu e o mercado de trabalho passou a exigir mais dos profissionais, além da legislação ter sofrido importantes mudanças, com o advento do Novo Código Civil, de 2002, e a Lei nº 11.638, de 2007".


Sergio Prado enfatizou que "os Contabilistas estão vivendo um momento muito especial, com a adoção no Brasil das Normas Internacionais de Contabilidade. Nosso País se alinha aos mercados globalizados, procurando ter como símbolo a transparência das demonstrações contábeis, estas sim os canais de informações que podem levar às decisões que tragam o desenvolvimento, o emprego e o bem-estar dos povos".

TV CRC SP - No evento, Sergio Prado de Mello inaugurou a TV CRC SP, um canal exclusivo para os profissionais da área que buscam atualização e novidades, e que poderá ser assistida pelo Contabilista em seu computador, pelo Portal do Conselho (http://www.crcsp.org.br/).

A iniciativa faz parte do pacote de facilidades que o CRC SP oferece aos 114 mil Contabilistas e às 18 mil empresas de serviços contábeis registrados no Estado de São Paulo. "Entendemos que a Tecnologia da Informação deve servir para agilizar, simplificar e dar qualidade à Contabilidade exercida por todos nós", disse o presidente do CRC SP, Sergio Prado de Mello.

Responsabilidade ambiental - Preocupadas com a sustentabilidade do planeta, as entidades organizadoras do evento estão realizando a neutralização da emissão de gás carbônico, por meio da aquisição de crédito carbono.

Também os resíduos gerados pelo evento serão colocados em coletores de descarte de lixo reciclado, com separação correta para que possam ser reutilizados. Os resíduos serão doados para ONGs e instituições que transformam os materiais em produtos sustentáveis.

Os materiais promocionais que sobrarem serão armazenados para reutilização em brindes ecológicos.

Fonte: http://www.cfc.org.br/

Atraso no balanço e perda bilionária pesam na ação da Eletrobrás

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Por Graziella Valenti, Josette Goulart e Silvia Rosa, de São Paulo
O balanço do segundo trimestre da Eletrobrás, divulgado ontem, trouxe dúvidas extras à tradicional complexidade associada aos resultados da estatal.
Uma redução do "ativo regulatório" maior do que a esperada pelo mercado, que resultou num efeito negativo de R$ 1 bilhão, teve como resultado prático uma queda de 3,3% nas ações ordinárias da companhia num dia em que o Índice Bovespa subiu 0,7%.
O ajuste, lançado na receita da companhia, pesou na última linha do balanço da estatal, que teve prejuízo de R$ R$ 2,1 bilhões, ante lucro de R$ 142,8 milhões em igual intervalo de 2008.
As ações já tinham caído no fim da semana passada, com o atraso na divulgação do balanço. O prazo legal para entrega dos números era dia 15.
De acordo com Astrogildo Quental, diretor financeiro e de relações com investidores da estatal, o motivo da demora foram questionamentos do auditor independente, a PricewaterhouseCoopers (PwC), sobre uma disputa antiga entre a construtora Mendes Júnior e a Chesf, sua controlada.
"Eles [PwC] pediram uns dias a mais." A partir deste ano, todas as companhias controladas são auditadas pela mesma firma.
Mas o que deixou os analistas perplexos foi uma questão matemática. A companhia afirmou no balanço que o impacto negativo do ativo regulatório acumulado no semestre foi de R$ 2,4 bilhões. Porém, a soma dos montantes divulgados no primeiro e no segundo trimestre dá R$ 1,95 bilhão, deixando os analistas em busca dos quase R$ 500 milhões de diferença. A explicação não está claramente detalhada no comunicado sobre as demonstrações financeiras.
A justificativa da perda também não é das mais fáceis, nem para os especialistas. De forma simplificada, trata-se da marcação a valor de mercado do crédito que a Eletrobrás possui pelo financiamento de Itaipu. Parte desse crédito, que é em dólar, é corrigido pela inflação americana. Como os indicadores para isso foram negativos nos últimos meses, por conta da recessão naquele país, o valor da correção desse crédito caiu.
Itaipu tem uma dívida de US$ 18 bilhões com o governo federal e com a Eletrobrás, que financiaram a construção da usina. Desse total, US$ 6 bilhões são compromissos da usina binacional com a estatal brasileira. Essa dívida era, até o fim de 2007, corrigida por juros da ordem de 7% ao ano mais os índices de inflação americana. Desde o ano passado, porém, foram retirados da correção da dívida de Itaipu os índices inflacionários dos Estados Unidos. Mas, para isso não afetar a Eletrobrás, esse crédito foi transformado numa conta chamada ativo regulatório, que vai direto para a tarifa de repasse da energia de Itaipu, separada da dívida.
Quando foi feita essa segregação, no fim de 2007, o valor do ativo regulatório era da ordem de R$ 4 bilhões. No fechamento de junho, esse total havia sido reduzido para R$ 2,7 bilhões, fruto da variação dos índices americanos.
Contudo, esse crédito será pago num prazo de 14 anos, até 2023. Portanto, trata-se do valor presente da expectativa desse ganho ao longo do tempo. Até sua efetiva concretização, tal impacto poderá não existir ou ser até mesmo positiva. "Num intervalo tão grande, inflação é sempre positiva. Não há recessão que dure tanto", ressaltou Quental, diretor financeiro e de relações com investidores da estatal.
Além do efeito sobre a correção pelos indicadores americanos, como o crédito é em dólar, o valor em reais também sofreu com a valorização da moeda nacional. No total, a empresa tem recebíveis de US$ 7 bilhões, e o efeito negativo da queda do dólar foi de R$ 2,9 bilhões no balanço trimestral.
Quanto à diferença do ativo regulatório entre o acumulado no semestre e a soma dos valores divulgados para o primeiro e segundo trimestres, a explicação é que o conceito inclui a recomposição da tarifa emergencial, herança ainda da época do apagão e isso não foi detalhado no texto.
Mas não foi só a comunicação que trouxe insatisfação no balanço do segundo trimestre. Além da variação cambial, a queda na demanda por energia, em função do desaquecimento da economia doméstica, também afetou o resultado das empresas controladas. "A geração de caixa também foi muito fraca, em função da queda do consumo de energia, principalmente no setor industrial", afirmou Rosângela Ribeiro, analista da SLW Corretora.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) somou R$ 1,1 bilhão de abril a junho, 13,8% menor do que de igual intervalo do ano passado. "O resultado geral foi muito fraco, com custos superiores ao esperado e a linha de resultado final prejudicada pelo câmbio", escreveu Renato Pinto, analista da Fator Corretora.
Apesar do desaquecimento dos números trimestrais, a Eletrobrás encerrou junho com uma posição de caixa de R$ 12 bilhões, ante R$ 8,7 bilhões um ano antes. Para Pinto, da Fator, esse montante dá mostras de que ela teria condições de pagar os bilionários dividendos em atraso. Contudo, o tem não anima os analistas. "A questão fica cada vez mais distante de uma conclusão em 2009, o que poderá agravar ainda mais a performance das ações", destaca Rafael Quintanilha, da Brascan Corretora.
O balanço trouxe ainda uma ressalva do auditor quanto aos créditos tributários de R$ 1,3 bilhão que a estatal tem, por conta da compra de energia aquisição por suas empresas controladas do segmento de distribuição situadas na região Norte. A auditoria destaca que a companhia não apresentou estudo sobre as condições e o tempo de realização desses créditos, o que, na prática, dificultou a averiguação da necessidade de ajuste sobre esse montante.
A ausência do estudo deve-se à expectativa de que o tema seja tratado na Medida Provisória 466, que irá alterar a conta de consumo de combustíveis. A expectativa de Quental é que fique mais claro para as companhias a validade, no tempo, de tais créditos, garantindo sua utilização.
Fonte: Valor Online

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Contabilidade é boa área para jovens

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Conheça as oportunidades na área de contabilidade. Se a pessoa tem afinidade com os números, é atenta e organizada, encontra boas chances.

Para assistir à matéria na íntegra, clique aqui e veja o vídeo.


Quarta-feira é dia de reportagem especial sobre emprego no SPTV. Hoje a gente vai falar das oportunidades na área de contabilidade. Se a pessoa tem afinidade com os números, é atenta e organizada, encontra boas chances. Pode ser uma ótima saída para os jovens em busca do primeiro emprego. Tem que correr atrás, estudar, mas vale a pena. As empresas estão sempre com vagas abertas em vários níveis e faltam profissionais qualificados para preenchê-las. Quem está na área jura que o trabalho não é burocrático como pode parecer. Uma vírgula digitada no lugar errado, um zero a mais ou a menos, um pequeno erro pode resultar numa grande diferença nos cálculos. “Se você digitar qualquer coisinha errada, vai, o imposto vai errado por cliente, então é uma responsabilidade grande”, afirma Patrícia Leite, auxiliar de escrita fiscal. Patrícia passa para o computador as informações das notas fiscais. Chega a digitar até 800 notas por dia. Ela começou no escritório como recepcionista. “Eu sempre me interessei por números e eu achei uma área legal e eu fui atrás de fazer os cursos para ingressar na área”, diz ela. Não importa o tamanho da empresa ou o número de funcionários. Todas precisam do trabalho dos contadores porque têm obrigações a cumprir como o pagamento de impostos e a declaração de rendimentos. Algumas têm um departamento próprio, mas a maioria das pequenas e médias empresas terceiriza o serviço. Um escritório de contabilidade na Vila Mariana atende 350 empresas. Tem 120 funcionários e está com dez vagas abertas, mas não está fácil preenchê-las. “É bastante difícil, o que a gente vê muito no mercado são pessoas que estão disponíveis mas que não tem especialização, as vezes nem um cursinho básico, nem formação no segundo grau”, diz Adriana Alcazar, diretora técnica. Camila começou como estagiária, dois anos depois o currículo está bem melhor. “Eu gostei muito do técnico então eu resolvi dar um passo maior, partir para o curso superior mesmo porque é uma área que eu resolvi seguir”, revela Camila da Silva, auxiliar contábil. Nas pastas estão documentos importantes das empresas. Tudo bem organizado. “A gente trabalha com muitos papéis, a gente mexe com apuração de impostos então se a pessoa não tiver organização, acaba misturando uma coisa na outra, acaba complicando um pouco o trabalho”, garante ela. Para as vagas de auxiliar de escrita fiscal e auxiliar de departamento pessoal, o salário é de R$ 1.200 reais e tem que ter o ensino médio. O auxiliar contábil ganha em média R$ 1.200 reais. O salário do assistente sobe para R$ 1.500 e chega a R$ 3.700 para o analista contábil. Para trabalhar nessas três funções é preciso estar cursando o ensino técnico ou ser formado. “Com certeza você mostrando o seu conhecimento e assumindo novas responsabilidades, o crescimento pode ser grande nos três primeiros anos”, acredita Márcia Alcazar, Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo. Cursos de reciclagem no currículo são diferenciais que pesam pra conquistar uma vaga ou melhores oportunidades. “Essa vivencia você consegue com esses cursos mais direcionados a pratica, ao conhecimento de como você pode se desenvolver e se aperfeiçoar nessa carreira”, garante Márcia. Um curso de analista fiscal numa escola do Tatuapé dura 32 horas e custa R$ 200 reais. São duas semanas de aulas de segunda a quinta-feira das 18h30 às 22h30. “A legislação hoje, o que acontece, ela é muito dinâmica, ela muda muito e rápido e são mudanças radicais então, pra você acompanhar, você tem que estar realmente lendo constantemente, se atualizando”, diz Janayne da Cunha, professora. Até quem se formou há pouco tempo já sente necessidade de estudar mais. “Eu me formei no ano passado, já entrou uma nova lei aí, 11638, que é referente a contabilidade ou seja, estou desatualizado. Então tenho que correr atrás dessa nova lei e ter conhecimento dela”, diz Djalma Tenório, contador. Se você acha que é um trabalho muito burocrático, olha o que diz quem é da área. “Mudou muito de uns anos pra cá a contabilidade, até o próprio empresário mudou muito, antes ele achava que o contador era só pra mandar os impostos, hoje a gente ajuda muito em planejamento tributário, ter uma economia eficiente”, explica Valter Grégio Júnior, gerente do departamento de contabilidade. O curso mostrado na reportagem é oferecido por uma empresa que atua na área de contabilidade e custa R$ 200. As aulas são no Tatuapé e só pode se inscrever quem tiver o segundo grau completo. A mesma escola também tem um programa para jovens de baixa renda e este é de graça.

Contabilidade é focada em matéria sobre emprego

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O jornal SP TV 1ª Edição, da Rede Globo, apresentou a matéria “Contabilidade é boa área para jovens”, na edição do dia 12 de agosto. As oportunidades na área contábil foram o foco da reportagem, que mostrou que a procura por aperfeiçoamento garante melhorias na carreira.A conselheira e coordenadora da comissão CRC SP Jovem, Marcia Ruiz Alcazar, foi uma das entrevistadas e aconselhou a quem quiser investir na profissão: “Mostrando o seu conhecimento e assumindo novas responsabilidades, o crescimento pode ser grande nos três primeiros anos”. Ela também disse que cursos de reciclagem são importantes: “A vivência se consegue com cursos mais direcionados à prática, ao conhecimento de como se desenvolver e se aperfeiçoar nessa carreira”.Para assistir à matéria na íntegra, clique aqui e veja o vídeo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Decisão sobre manobra contábil da Petrobras valerá para todos

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ENTREVISTA DA 2ª
OTACÍLIO CARTAXO - SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL Decisão sobre manobra contábil da Petrobras valerá para todos Em alguns casos, segundo Cartaxo, os efeitos nas empresas poderão ser retroativos
A decisão que a cúpula da Receita Federal tomará sobre as regras para mudança de regime de cálculo do imposto sobre ganhos cambiais - isto é, se é legal ou não a manobra contábil adotada pela Petrobras - valerá para todas as empresas e poderá ter efeitos retroativos. Efetivado no lugar de Lina Vieira, o secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, disse que a arrecadação continuará caindo em relação a 2008. "Estamos comparando um ano de "boi gordo" com um ano de "vaca magra"."
JULIANNA SOFIA - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em entrevista exclusiva à Folha, a primeira desde que assumiu o cargo, Cartaxo afirmou que, se a manobra da estatal for avalizada pelo fisco - o que é a tendência-, outras empresas poderão requerer a aplicação da regra retroativamente. Se a decisão da Petrobras for condenada, a empresa poderá ser obrigada a recolher os R$ 4 bilhões que deixou de repassar ao fisco com a manobra contábil.
Sobre sua chefe de gabinete, Iraneth Weiler, que endossa o depoimento de Lina sobre o encontro reservado com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), Cartaxo evita comentários. Questionado se manterá a servidora no cargo, responde: "Não faça essa pergunta difícil."
Lina Vieira afirmou à Folha que esteve a sós com Dilma e a ministra lhe pediu para apressar uma investigação do fisco sobre a família Sarney. Dilma nega o encontro. Sobre isso, Cartaxo diz que a ex-secretária nunca comentou o assunto.
FOLHA - O senhor contou com o apoio dos superintendentes para sua efetivação? OTACÍLIO CARTAXO - Na Receita, eu trabalhei em tudo. Toda a escadinha da Receita eu subi degrau por degrau. Eles conhecem meu caráter, meu comportamento. Por isso me apoiam.
FOLHA - O sr. chegou a ser investigado pela corregedoria por ter patrimônio incompatível com a renda? CARTAXO - A corregedoria escolhe uma série de dirigentes e faz uma auditoria. No órgão central, foram todos os que ocupam cargo de direção. Todos foram auditados. No meu caso, o processo foi arquivado porque não foi constatado nenhum indício de aumento patrimonial descoberto ou gastos incompatíveis com o salário. Li nos jornais que o Ministério Público quer mandar desarquivar, mas foi um lote de 680 auditorias patrimoniais, principalmente de gente ligada ao órgão.
FOLHA - O sr. vai se reunir agora com os superintendentes? CARTAXO - Por telefone já conversei com todo mundo. Nós agora vamos fazer uma avaliação mais detalhada e específica e dar uma acelerada nos processos de trabalho. Eu pretendo é dar um ritmo mais forte.
FOLHA - O sr. se refere às críticas que o ministro Guido Mantega [Fazenda] fez à ex-secretária Lina Vieira, que não teria dado celeridade ao plano de trabalho definido por ele?CARTAXO - Na parte de fiscalização, precisamos correr mais, fazer uma supervisão mais forte. A Receita sempre acompanhou as grandes empresas. Todos os anos é publicada uma portaria com os critérios para seleção da grandes empresas. Neste ano, foram 10.501 empresas. Ou seja, é jogo aberto, não tem esse negócio de subterfúgio, investigação sigilosa.
FOLHA - Essa ênfase na fiscalização tem o objetivo de inverter a queda na arrecadação? CARTAXO - Todas as administrações tributárias modernas fazem o acompanhamento dos grandes contribuintes, que são responsáveis por 80% da nossa arrecadação. Eles são fundamentais para manter arrecadação sob controle. A arrecadação está muito vinculada ao desempenho da economia. Mantê-la alta com a economia afetada pela crise é algo que não cabe dentro da lógica econômica. A grande massa da nossa arrecadação é espontânea, em torno de 95%. Essa matéria contenciosa é apenas 5%.
FOLHA - Nos próximos meses a arrecadação continuará em queda? CARTAXO - É. Porque o que se está comparando é o ano de 2008, que foi quando a Receita bateu todos os recordes históricos. Era um momento em que a economia estava "bombando". No fundo estamos comparando um ano de boi gordo com um ano de vaca magra. Mesmo assim, a arrecadação não voltou aos níveis de 2007. Não se sustentou com os níveis de 2008, em razão da crise, mas não regrediu a 2007. Permanece entre 2007 e 2008. Acho que se sustentou até de forma razoável. Não foi um baque de dimensões tão grandes. Essa queda de arrecadação é em razão da crise e também da política anticíclica que o governo adotou, que está dando certo. Foi uma política benfazeja, embora a Receita tivesse que abrir mão de alguns bilhões.
FOLHA - E o caso Petrobras? Sua explicação na CPI foi suficiente para esclarecer o assunto? Houve pressão? CARTAXO - Na CPI, fiz uma exposição didática de como a Receita acompanha os grande contribuintes, as normas gerais de compensação e o regime de apuração das variações cambiais. Na própria Receita há soluções de consulta sobre isso, inclusive no Rio de Janeiro [sede da Petrobras], em que foi concluída a consulta e o órgão admitiu que a empresa pode fazer a opção a qualquer mês do ano, fazendo os ajustes necessários para trás. Existe decisão das delegacias também nesse sentido e no contrário. O assunto está sendo avocado para o órgão central e nós vamos dirimi-lo.
FOLHA - Ou seja, a Receita pode entender que a opção a qualquer momento não é possível, e o caso da Petrobras pode ser revisto e a empresa terá de recolher o imposto? CARTAXO - Essa decisão do órgão central valerá "erga ominis", valerá contra todos. Daí vinculará todos os contribuintes e toda a administração tributária.
FOLHA - Só a partir daquele momento ou retroativamente? CARTAXO - Em determinadas matérias, a regra geral é a partir daquele momento. Mas tem outras em que comporta excepcionalidade. Os efeitos são para frente e para trás. Isso quem decidirá será a instância técnica, a coordenação de tributação. Eles vão eliminar o conflito de interpretação.
FOLHA - A Receita tem uma estimativa de quanto seria cobrado dos exportadores na questão do crédito-prêmio do IPI? CARTAXO - Estamos fazendo uma reestimativa, agora que o Supremo Tribunal Federal decidiu que seria até 1990. Estávamos trabalhando com a hipótese da extinção em 1983. Saindo o acórdão do STF, vamos fazer a leitura técnica para ter um número mais seguro e tomar as providências necessárias.
FOLHA - A ex-secretária Lina conversou com o sr. sobre o encontro reservado que diz ter tido com Dilma? CARTAXO - A secretária nunca comentou o assunto comigo.
FOLHA - E a Iraneth Weiler, que trabalhava com a secretária... CARTAXO - ... ela continua, é chefe de gabinete.
FOLHA - Será mantida? CARTAXO - Não faça essa pergunta difícil [risos]. Pelo amor de Deus. Você quer me criar uma dificuldade. Vai ter o depoimento na CPI, ninguém sabe quais as repercussões, se esse caso vai se encerrar. É melhor eu cuidar do meu trabalho. O pessoal da Receita veio me parabenizar nesta semana e eu disse: "Olha, aqui tem duas coisas que a gente precisa: muito trabalho e muita reza".
Fonte: Folha Online

Ganho contábil gera impasse no pagamento de dividendos

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Silvia Rosa, de São Paulo
O ganho contábil gerado pela valorização do real em relação ao dólar que impulsionou os ganhos das empresas no segundo trimestre pode gerar um impasse em relação ao cumprimento do pagamento de dividendos mínimo.
Diante da possibilidade de registrar resultado líquido positivo em 2009, beneficiada pela variação cambial, a Braskem anunciou que poderá rever o valor mínimo do pagamento de dividendos aos acionistas referente ao resultado do exercício de 2009 de 25% do lucro líquido ajustado da empresa, segundo a Lei das Sociedades por Ações.
Carlos Fadigas, vice-presidente de finanças e relações com investidores, diz que a proposta de revisão do valor dos dividendos a serem distribuídos se deve ao forte impacto do câmbio no lucro da companhia, sem efeito caixa, como medida para manter a capacidade de investimento.
"Num cenário em que a empresa fique com lucro líquido de R$ 2 bilhões, acho razoável que a gente discuta internamente uma proposta de distribuição de dividendos que não seja obrigatoriamente os 25% disso, tendo em vista os investimentos que a empresa tem que fazer para frente."
O lucro líquido da Braskem subiu 186% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, somando R$ 1,156 bilhão.
A companhia, no entanto, registrou uma queda de 20% da receita líquida no segundo trimestre no comprativo anual, totalizando R$ 3,668 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização - um indicador de desempenho operacional - foi de R$ 566 milhões, com crescimento de 2%.
"Mesmo com ganho contábil, a geração de caixa da empresa continua fraca e a distribuição de 25% do lucro em dividendos poderia gerar um aumento do índice de alavancagem, o que não seria interessante para os acionistas", afirma Luiz Otávio Broad, analista da Ágora Corretora.
A empresa, que tem uma política de pagamento de dividendos anual, já não distribuiu os proventos referentes ao exercício de 2008 em função do prejuízo de R$ 2,5 bilhões registrado no ano passado.
Broad ressalta que, com exceção de 2008, a Braskem tem pago uma média superior aos 25% obrigatórios em dividendos aos acionistas, de cerca de 46% do lucro líquido nos três anos anteriores.
A Lei das Sociedades por Ações permite que a empresa suspenda ou reavalie a distribuição do dividendo obrigatório, caso seja incompatível com a sua condição financeira, estando essa avaliação sujeita à aprovação da assembleia geral dos acionistas.
Em caso de suspensão, os lucros não distribuídos deverão ser alocados a uma reserva especial e, se não compensados com prejuízos subsequentes, deverão ser distribuídos a título de dividendos tão logo a situação financeira da companhia possibilite tal pagamento.
Foi o que aconteceu com a Eletrobrás, cujos dividendos retidos pela estatal entre o fim da década de 70 e 80 totalizam R$ 8,5 bilhões.
Para a coordenadora-geral do Centro de Conhecimento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, Adriane de Almeida, as empresas têm que oferecer maior previsibilidade aos acionistas, definindo na sua política de pagamento de dividendos os fatores que podem afetar a sua distribuição. A orientação em relação à política de dividendos foi incluída na versão atualizada do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, que será lançada no começo de setembro.
Segundo Adriane, uma das opções para evitar esse tipo de impasse quando o lucro é inflacionado por um ganho contábil é definir como fundamento o pagamento atrelado ao fluxo de caixa da empresa. "Seria uma opção para as empresas que tiveram um grande lucro, mas não tiveram efeito caixa para poder reduzir o valor dos dividendos a serem pagos. Porém esse pagamento não pode ser menor que a distribuição de 25% do lucro líquido."
Ela destaca que para as empresas que têm posição de caixa confortável, o pagamento mínimo de dividendos continua obrigatório mesmo em casos de lucro gerado por efeito contábil.
A Gol, que também teve o lucro impulsionado pelo ganho com a variação cambial, informou em nota que pagará dividendos de 25%, independentemente do resultado ser ou não caixa. "A atual política da companhia é de pagar anualmente esse percentual se houver lucro."
O lucro líquido da companhia somou R$ 353,7 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 166,5 milhões registrado no mesmo período do ano passado, em função do ganho financeiro líquido de R$ 370 milhões no trimestre.
A receita entre abril e junho, no entanto, caiu 4,8% para R$ 1,39 bilhão. O saldo de caixa da empresa ao fim de junho era de R$ 613,7 milhões, 55% maior do que o registrado no primeiro trimestre.
Além da distribuição de dividendos, as empresas que tiveram crescimento do lucro em relação ao ano passado também devem aumentar a provisão para pagamento de Imposto de Renda. Levantamento realizado com 255 empresas de capital aberto que já divulgaram os resultados do segundo trimestre apontou um crescimento de 15% dessas provisões em relação ao mesmo período de 2008. Nesse caso o ganho com variação cambial recebe uma tributação diferida para efeitos fiscais, ou seja, o IR incidente será pago quando a transação for liquidada, pelo valor ajustado.
Fonte: Valor Econômico

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Premiação investe R$ 160 mil em debate sobre gênero e revelação de talentos em escolas e universidades

Notícias
Na sua quinta edição, Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero incentiva a produção de redações e artigos científicos de estudantes do ensino médio e universitários sobre gênero, mulheres e feminismos. Período de inscrição será de 3 de agosto a 20 de novembro de 2009.

Teve início no dia 3 de agosto de 2009, as inscrições para o 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, concurso nacional de redações e artigos científicos sobre relações de gênero, mulheres e feminismos. A premiação revela o pensamento de adolescentes, jovens e adultos sobre os grandes temas sociais do Brasil e os novos talentos do ensino médio e universidades.

A grande novidade desta edição é a diversificação das modalidades de participação universitária e a criação da categoria “Escola Promotora da Igualdade de Gênero”. O concurso é organizado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - SPM, Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Ministério da Educação – MEC e Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher - UNIFEM.

Escolas públicas e privadas poderão concorrer com projetos e ações pedagógicas inovadoras na área de gênero, raça, etnia, sexualidade, geração e classe social. A nova categoria “Escola Promotora da Igualdade de Gênero” valoriza o trabalho da comunidade escolar no debate sobre a realidade social brasileira e as boas práticas na promoção da igualdade de gênero. Para essa categoria, é aportado o valor total de R$ 50 mil. O concurso vai premiar uma escola por região.

Outra mudança é a criação de categorias específicas para os autores de artigos científicos. Agora, especialistas, estudantes de mestrado, mestres e estudantes de doutorado vão participar do concurso em condições iguais de concorrência. Os textos vencedores receberão premiações em dinheiro e bolsas de estudo (doutorado, mestrado e iniciação científica). As três categorias somam R$ 46 mil. O valor será dividido, conforme o regulamento, proporcionalmente entre os seis ganhadores.

Na categoria estudante de ensino médio, é aportado o maior investimento: bolsas de estudo, computadores e impressoras, que somam cerca de R$70mil. São duas as possibilidades de premiação: “Etapa Nacional” e “Etapa Unidade da Federação”, totalizando 27 vencedores – um por estado e Distrito Federal. Vinte e quatro ganhadores vão receber computadores com monitores LCD. Para as três melhores redações, escolhidas na “Etapa Nacional”, os vencedores serão premiados com bolsa de iniciação científica júnior, laptop e impressora multifuncional.

Interatividade e muita informação na internet

Mais dinâmico, interativo e com uma série de recursos multimídia, o site www.igualdadedegenero.cnpq.br começou a funcionar no dia 3 de agosto. Nesse ambiente, escolas, estudantes do ensino médio e universitários vão poder conferir todas as orientações para a participação no 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, conhecer os vencedores dos anos anteriores e acompanhar todas as notícias, fotos, e vídeos relacionados ao concurso.

No Orkut, a comunidade Prêmio Igualdade de Gênero (http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=92336156) é outra dica pra quem quer saber mais do concurso. Esse é mais um local livre na internet para expressão de participantes.

A exemplo das edições anteriores, o concurso editará um livro com todas as pesquisas premiadas de todas as categorias. O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero integra o Programa Mulher e Ciência, uma iniciativa da SPM, MCT, CNPq, MEC e UNIFEM, cujo objetivo é valorizar as pesquisas realizadas e estimular a elaboração e divulgação de novos conhecimentos no campo de estudos das relações de gênero, mulheres e feminismos.

Fonte: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Presidência da República

Gestão: Escritórios lutam pela sobrevivência

Notícia

Seminário realizado na semana passada discutiu as dificuldades e estratégias para contadores que investem em um negócio próprio

Concorrência com grandes escritórios, como a PwC, demanda ações para garantir atuação no mercado Foto: MAURO SCHAEFER/MAURO SCHAEFER/JC

Em um mercado cada vez mais acirrado, os escritórios de serviços contábeis lutam para garantir sua sobrevivência. Apenas no Rio Grande do Sul, segundo dados do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), a classe é formada atualmente por cerca de 30 mil profissionais, reunidos em 1,6 mil sociedades ativas e 7,4 mil escritórios individuais, totalizando nove mil organizações contábeis.

Assim como as demais categorias, os contadores que investem em um empreendimento próprio e tornam-se gestores enfrentam questões como captação de clientes, investimentos em pessoal e tecnologia e definição por um foco principal de atividade. Devem garantir a manutenção do negócio e enfrentar a concorrência de companhias de grande porte, como a PricewaterhouseCoopers, com mais recursos para disputar as oportunidades de trabalho.

Para discutir o tema, o CRC-RS realizou, na semana passada, o seminário Os rumos das empresas de Contabilidade, abordando as aquisições e fusões no meio, com a participação dos contadores Irineu Thomé, Enory Luiz Spinelli e Nestor Biehl. Thomé, também empresário e autor do livro Empresas de Serviços Contábeis - Estrutura e Funcionamento, considera a aquisição de escritórios um caminho para se destacar. “Hoje somos mais empresários do que contadores, pelo menos uma parte da categoria. Como empreendedores, temos que nos preocupar com o crescimento da empresa”, ressaltou.

Conforme Thomé, o desempenho dos contadores é fundamentado na indicação entre pessoas. “É difícil prospectar clientes de outra forma que não seja através da recomendação entre eles. Você precisa prestar um serviço muito bom para que ele goste e indique a um amigo”, afirmou.

Uma forma de expandir os negócios rapidamente consiste na compra de outra organização. A prática não é tão comum, mas eventualmente são publicados anúncios com ofertas. Embora o receio de investir em uma negociação desse porte, Thomé aconselha aos colegas que verifiquem as razões que motivaram a venda, qual o ramo de atividade a que se dedica o escritório e perfil da carteira de clientes.

A realização de palestras e seminários promovidos pelas entidades para discutir os aspectos que envolvem a compra e a fusão a outros escritórios auxilia os contadores que buscam alternativas para ampliar seu ramo de atuação. “Dessas conversas surgem caminhos e troca de experiências. O fato é que, sem uma jogada mais arrojada, o escritório não cresce rapidamente. “É um pouco por ano, entre 2%, 3% ou 4%, conforme o período. Angariamos clientes assim como perdemos, não só pelo fato dele trocar de prestador de serviços como por aqueles que encerram seus negócios”, explicou Thomé.

Estruturas empregam em média cinco funcionários

A Pesquisa Anual de Serviços realizada em 2006 pelo IBGE traçou um perfil da estrutura dos escritórios de contabilidade. A maioria dos estabelecimentos do setor é formada por empresas compostas por cinco funcionários que dispõem de 1,5 computador para trabalhar. São organizações pequenas e enxutas, conectadas à internet, embora nem sempre com bons sistemas.

Nesse contexto, uma alternativa para garantir a sobrevivência dos pequenos negócios passa pela fusão a outros empreendimentos. A afirmação é do presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias Informações e Pesquisas do Estado do Rio Grande do Sul (Sescon-RS) Luiz Carlos Bohn. O contador reconhece que em muitos casos a associação esbarra na dificuldade que os profissionais têm em deixar de querer ser o “dono do próprio nariz”.

“É preciso encarar a resistência e analisar casos em que vale a pena se unir a outro escritório.” Bohn lembra que, além de serem profissionais da contabilidade, os proprietários de escritórios são gestores de uma organização. Dessa forma, devem buscar as melhores alternativas para garantir a manutenção e lucratividade da empresa.

Outra questão de relevância para a atuação profissional é a capacidade de atendimento do escritório. O presidente do Sescon-RS considera inviável carteiras com 500 clientes. “A estrutura ideal para uma organização de dez a 20 pessoas é uma carteira entre 200 a 300 clientes”, aconselha. Mais que isso, diz Bohn, é difícil administrar.

No Estado, os contadores dispõem desde 1990 de uma tabela técnica de honorários referencial, onde são estabelecidos parâmetros e valores para os serviços. Os números são atualizados de forma que sejam aplicáveis. Mesmo assim, sempre há os que cobram valores muito baixos. “Esse profissional não terá como manter para sempre preços irrisórios. Ele não conseguirá avançar nos negócios; ou reajusta os valores cobrados e fica de acordo com a realidade ou fecha”, disse Bohn.

Transparência é fundamental

Thomé (primeiro à esquerda) diz que retorno deve ocorrer de 24 a 48 meses Foto: FAGNER MARQUES/CRCRS/DIVULGAÇÃO/JC

Para quem adquire um escritório ou uma carteira de clientes, a transparência junto aos funcionários e empresários atendidos pela organização é fundamental. Dependendo da maneira como a negociação for conduzida e comunicada a todas as partes envolvidas, uma nova relação pode ser construída e criada com grande afinidade.

Em alguns casos, entretanto, surgem problemas entre o novo proprietário e o quadro de empregados. “Há situações em que os funcionários acabam mandando mais do que quem adquiriu o escritório”, explicou Nestor Biehl. Na opinião do contador, muitas vezes é mais vantajoso aos jovens profissionais que ingressam no mercado começarem seu empreendimento do zero do que adquirir uma organização existente.

Outro ponto importante a ser considerado quando da aquisição de outra empresa, bem como da compra da carteira de clientes, é a realização de uma due diligence. A regra vale para as organizações de qualquer setor, inclusive as contábeis. A chamada diligência prévia consite no processo de investigação de uma oportunidade de negócio que o investidor deverá encarar.

O principal objetivo ao fazer uma negociação desse porte é ampliar a lucratividade. Aqueles que investem em uma fusão, aquisição de escritório ou de carteira de clientes devem ser profissionais capacitados a avaliar o negócio. O ideal é que o retorno do investimento ocorra entre 24 e 48 meses. “Quem compra a carteira de clientes deve se informar sobre como ele era atendido, buscando compreender o seu perfil”, afirmou o contador Irineu Thomé.

Os profissionais devem se conscientizar também sobre as mudanças que não só o setor passa mas também a sociedade em geral. Enory Spinelli lembrou que estamos em uma época de rápidas mudanças, alterações tecnológicas que impulsionam o cotidiano. O conhecimento do cliente atual difere daquele que os empresários possuíam nos anos de 1970 ou 1980, por exemplo.

“O cliente diz quero hoje, quero agora. Precisamos mudar nossa rotina”, diz Spinelli. A categoria deve mudar a cultura de atuação nos escritórios, saindo da geração do fazer e embarcando na era do conhecimento.

Investir no diferencial é alternativa para garantir competitividade


Além da aquisição ou fusão, outra solução para aqueles que desejam expandir seu empreendimento passa pelo investimento em serviços diferenciados, ora dedicando-se a uma área específica, ora ampliando o máximo possível o leque de atendimento. O seminário Os rumos das empresas de Contabilidade apresentou o case do escritório DCP Contadores, do Rio de Janeiro. Fundado há 25 anos, a organização oferece diversos serviços, não ficando restrita apenas à escrituração contábil.

Conforme o proprietário Manuel Domingues e Pinho, além da contabilidade societária e fiscal, fazem a contabilidade gerencial, atendem à área de impostos - inclusive Imposto de Renda Pessoa Física, sendo que 80% é de estrangeiros - obrigações acessórias, departamento pessoal e outras rotinas.

O diferencial oferecido pela DCP, segundo ele, é a gestão financeira realizada para cerca de 70 empresas. O escritório é responsável pelas atividades relacionadas ao departamento financeiro, contas a receber e a pagar, faturamento etc. “Nosso cliente não possui em sua empresa o departamento financeiro, ele encaminha a nós as tarefas correspondentes.”

Outro serviço ofertado é o de RH, oferecendo o recrutamento de pessoal e seleção. Para isso, dispõe de quatro psicólogas. A DCP faz também a gestão documental dos contratantes, que consiste em armazenar e organizar arquivos, arrumando, catalogando e migrando dados para o sistema de informática.

Uma das companhias atendidas pela DCP é a Petrobras. O escritório é responsável pela revisão fiscal e de pessoal. “A empresa possuía um grande débito junto ao INSS referente à contratação de subempreiteiros que realizaram obras e não pagaram os impostos corretamente. Agora, acompanhamos os serviços prestados à Petrobras e a entrega de guias ao INSS e outros departamentos.” A DCP acompanhou o cumprimento das obrigações por parte dos serviços terceirizados por ocasião da construção da plataforma petrolífera P52.

Charneski passa por reestruturação


Organização deixará de atuar na área de auditoria, explica sócio-fundador Foto: MATHIAS CRAMER/DIVULGAÇÃO/JC

O escritório Charneski Tributos e Consultoria, fundado há 20 anos por Bolívar Charneski em Porto Alegre, está reestruturando sua organização e mudando o enfoque de atendimento. A empresa atuava na área de consultoria, tributos e auditoria empresarial. Após avaliação estratégica, Charneski optou por focar os trabalhos em consultoria e na área tributária. “A auditoria está concentrada nas quatro grandes empresas - Pricewaterhouse Coopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG. As exigências não diferem para quem é um escritório de grande porte ou um pequeno.”
Outro fator citado por Charneski para a reestruturação é a evolução do processo de gestão, que demanda profissionais mais especializados em áreas como TI ou expertise no mercado financeiro. Além disso, o escritório convivia com um conflito de interesses: um cliente de auditoria não poderia ter seu planejamento tributário feito pela Charneski, segmento de forte atuação também da empresa.
Com anos de dedicação ao desenvolvimento do seu quadro de pessoal, Charneski teve o trabalho reconhecido pela Price, que contratou todos seus funcionários que desempenhavam as atividades de auditoria. O empresário acredita que a auditoria deve passar por revisão processual, inclusive por parte daquelas empresas que contratam os serviços, que desconhecem as questões de governança corporativa e os processos envolvidos. “Com toda essa crise que atravessamos, não temos claro o que esperar do auditor. Há muita desinformação dos dois lados, de quem contrata e de quem presta o atendimento.”

Fonte: Jornal do Comércio - RS

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