Notícias
Folha de S.Paulo
São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010 Entidade vai apurar se houve infração ética ou incapacidade técnica em auditoria que não detectou fraude no PanAmericano MARIO CESAR CARVALHO - DE SÃO PAULO O Conselho Federal de Contabilidade começa amanhã uma investigação inédita no país: vai apurar se houve infração ética ou incapacidade técnica de auditores e contadores no caso do banco PanAmericano. O rombo de R$ 2,5 bilhões no banco de Silvio Santos não foi apontado em análises da Deloitte nem da KPMG. É a primeira vez que o conselho investiga o trabalho de auditores porque uma lei aprovada em junho deu a ele essa nova atribuição. O conselho vai solicitar documentos às empresas, ao PanAmericano e ao Banco Central. Se houver negativa, o pedido será feito na Justiça. As punições previstas são multa, suspensão do registro profissional e cassação do registro do envolvido. "Um fato como esse tem uma repercussão brutal na nossa atividade. Precisamos investigar porque é o tipo de história em que não existe meia verdade", diz Juarez Carneiro, presidente do conselho federal. O rombo do PanAmericano teve repercussão até no congresso mundial de contabilidade, que acabou há uma semana A cassação está prevista em três casos: incapacidade técnica de natureza grave, apropriação indébita e fraude contra o fisco. A falsificação de registros contábeis não é punida com cassação. Fraude contábil, porém, pode ser encarada como incapacidade técnica grave, infração punida com a cassação de registro. A investigação em torno do PanAmericano é a primeira que envolve o trabalho de auditores, mas não é a primeira apuração do conselho. A primeira apuração foi sobre um pregão eletrônico do Banco do Brasil para a contratação de auditoria. O lance inicial era de R$ 19,6 milhões, uma empresa já fazia o mesmo serviço por R$ 6,5 milhões, mas o preço final do pregão ficou em R$ 95 mil. O conselho quer saber se houve aviltamento de honorários. OUTRO LADO A empresa Deloitte informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não foi notificada da investigação do conselho, mas pretende colaborar com ela. A KPMG afirmou, em nota divulgada logo após o anúncio do rombo no PanAmericano, que não auditou as demonstrações financeiras do PanAmericano, mas checou dados nos computadores do banco do qual o grupo de Silvio Santos é controlador. SAIBA MAIS Mercado está concentrado em quatro auditorias MARIANA SCHREIBER - DE SÃO PAULO O mercado nacional e global de auditorias é fortemente concentrado em quatro empresas - o "big four" ("quatro grandes"). PwC (PricewaterhouseCoopers), Ernst & Young, Deloitte e KPMG atuam em mais de 140 países e faturam, cada uma, mais de US$ 20 bilhões por ano. Até os anos 1980, eram oito grandes empresas. O número encolheu devido a três fusões e à falência da Arthur Andersen, que auditava as contas fraudulentas da Enron. No Brasil, as quatro auditam 60,59% das empresas de capital aberto, segundo ranking da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de junho. "Toda empresa quer ser auditada por uma delas, pois gera confiança. O problema é que essa concentração cria corporativismo e deixa os serviços muito parecidos", disse o ex-auditor da PwC e professor da FGV Sergio Bessa. Ele lembra que as auditorias passaram a atuar como consultorias para elevar a receita. Para ele, isso gera conflito de interesses. A prática é proibida nos EUA desde |
|
Fonte: Folha de S.Paulo CFC |
Nenhum comentário:
Postar um comentário