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Valor Econômico
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Rombo: Banco informava R$ 1,6 bi em créditos cedidos e compradores apontavam R$ 5,5 bi
O relatório preliminar do Banco Central (BC) sobre o rombo no Banco PanAmericano, concluído no ano passado, apontou para um desequilíbrio patrimonial de R$ 2,0786 bilhões no banco e de outros R$ 312,4 milhões na PanAmericano Administradora de Cartões de Crédito Ltda., somando R$ 2,39 bilhões. Até agora, os detalhes do rombo que motivou o aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito em novembro não haviam vindo à tona. A descrição detalhada encontra-se em documento ao qual o Valor teve acesso e que aponta inconsistências relevantes na cessão de créditos da instituição. Segundo o BC, enquanto o banco de Silvio Santos informava um total de R$ 1,60 bilhão em carteiras de crédito cedidas, os bancos compradores dessas carteiras informavam que esse total era de R$ 5,59 bilhões. Outra fonte dos problemas contábeis do PanAmericano foi a forma de contabilização de contratos de empréstimo. Em alguns casos em que os tomadores de créditos estavam inadimplentes, esses valores devidos deveriam ter sido baixados da carteira de crédito e colocados na conta "bens não de uso próprio", que incorpora as garantias dadas nos empréstimos e assumidas pelo banco. Da mesma forma, há situações em que os contratos foram quitados antes de seu vencimento pelos clientes, mas que as parcelas futuras continuavam a fazer parte das carteiras de crédito, que eram cedidas. E, em uma terceira situação, saldos devedores refinanciados foram mantidos como cedidos. Somente esses três tipos de problemas nos contratos envolvem a quantia de R$ 673,7 milhões. No caso da administradora de cartões de crédito do PanAmericano, a fiscalização do Banco Central apurou que rombo chega a um total de R$ 312,4 milhões, decorrente de perdas em carteiras que não foram contabilizadas. Uma das teses que surgiram durante as investigações que apuram as causas do rombo na contabilidade do Banco PanAmericano é a de que alguns de seus ex-diretores tenham desviado recursos da instituição - e que o modus operandi desses desvios teria sido a celebração de contratos entre empresas do grupo de Silvio Santos e companhias cujos sócios são esses executivos. O Valor apurou que no decorrer das investigações realizadas pelo Banco Central (BC) e pela Polícia Federal (PF) foram identificados contratos fechados entre o PanAmericano e empresas ligadas aos ex-diretores. Um dos alvos principais dessas investigações, segundo fontes ouvidas pela reportagem, é o ex-presidente do banco, Rafael Palladino. Palladino trabalhava no banco de Silvio Santos desde 1991 e foi afastado em meados de novembro, após a descoberta de irregularidades no balanço da instituição. Embora ocupasse o posto de diretor superintendente do PanAmericano, Palladino é sócio de diversas empresas registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) e no Departamento de Estado da Flórida. Na junta paulista o executivo tem dez empresas registradas, algumas em seu nome, outras em conjunto com sua esposa, Ruth Ramalho Palladino, e as demais têm como sócias outras companhias de sua propriedade. Dessas, três são postos de combustíveis, uma de transporte de cargas, duas de eventos e promoções, uma de negócios imobiliários e as demais de participações de investimentos. Já as três companhias registradas por Palladino na Flórida - a Artech 526 LLC, a Ivy PH5 LLC e a Max America of Florida LLC - foram registradas entre o segundo semestre de 2009 e o fim de 2010. Em nome delas estão dois imóveis localizados em condomínios de luxo Não se sabe, até o momento, se há alguma medida tomada pelas autoridades brasileiras para pedir à Justiça americana o bloqueio das propriedades de Palladino em nome de suas empresas no exterior. No Brasil, no entanto, o Valor apurou que quatro de suas empresas - a Max Control Evento e Promoção, a Max América Participações, a Max América Negócios Imobiliários e a RCF - Administração e Participações - tiveram suas contas bancárias bloqueadas por decisão da Justiça Federal. A suspeita é a de que tenha havido desvio de recursos do PanAmericano por meio dessas companhias mediante a prestação de serviços. As contas de Palladino e de outros quatro diretores e três funcionários do PanAmericano investigados também foram bloqueadas. Procurado pela reportagem, Rafael Palladino informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que dará entrevistas somente após prestar depoimento à Polícia Federal e à Justiça. (CP) Fonte: CFC |
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